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Educação: a glória ou a confusão inevitável de cada pessoa

A educação é indefectivelmente a glória ou a confusão inevitável de cada pessoa“, conforme a qualidade daquilo que seja estudado e seja depositado na alma (memória) de cada um, para, assim, promover o bem. Segundo São Bernardo de Claraval, “a verdadeira satisfação consiste em corrigir os males que fizemos e jamais voltar a neles reincidir”. Ora, isso somente é possível a uma alma de boa vontade que passa por um processo de educação, ou melhor, de auto-educação.

Parafraseando São Bernardo de Claraval, o qual diz a respeito da consciência, que será inevitavelmente a glória ou a confusão inevitável de cada pessoa, entendemos que, a este respeito, somente uma alma que passou pelo crivo de uma boa educação, focada na virtude, em detrimento ao vício, desejosa de obter a humildade e vertida ao Sumo Bem, que é Cristo, alcançará a glória.

A disciplina se faz necessário para obter o êxito.

A isto, nos perguntamos: como é possível corrigir os males da alma que foram ensinados por um processo de educação e aprendidos com esforço e empenho? Estes antivalores impregnaram a cultura da sociedade globalizada fomentando o pecado e a corrupção, de tal maneira que é impossível ao homem, sem a graça do Espírito Santo, alcançar o discernimento das coisas.

A sociedade carece de exemplos, de homens. Foram os homens iluminados pela graça que, corajosamente, verteram seus olhos à Cristo e refutaram, rejeitaram e combateram o mal, que está na carne, no mundo e provém de Satanás.

Os modelos de educação que são propostos hoje, degeneram a alma humana, negligenciando a inteligência, cumulando de futilidades e bestialidades a memória e, principalmente, pervertendo a vontade, faculdade da alma sob o qual o homem torna-se desejoso do bem e da Salvação.

Em suma, percebe-se que os jovens que passam pelo processo regular da escola, são assaltados. Não há inteligência, a memória (ou imaginação) carece de riqueza própria e a pusilanimidade impera a vontade própria da alma.

Viver, que é a arte própria do homem dotado de uma alma criada por Deus, torna-se um grande desafio nos dias atuais, porque:

Primeiro, o homem carece do conhecimento das coisas boas (matéria).

Segundo, não conhece o meio (a razão) para proporcionar o conhecimento das coisas boas como nutriente para a sua vida (forma).

Terceiro, porque não conhece o objeto final da educação (intenção ou finalidade).

Quarto, porque carece de mestres ou de quem transmita o conhecimento da verdade (ordem).

E se o homem não vive, ele negligencia o bem que Deus lhe deu, ao “insuflar Seu espírito nas narinas, tornando-o um ser vivente”. Expliquemos melhor sobre estes pontos.

Quanto ao primeiro, a falta de matéria, ou seja, a falta do conhecimento da verdade, se deve a “confusão” moral e intelectual das diversas doutrinas modernistas, ao ignorar a Tradição da Igreja e sua filosofia Escolástica. Há deturpação de doutrinas e conceitos que nutrem a razão do homem para que ele progrida na vida até alcançar a vida eterna.

Quanto ao segundo, mesmo que o homem tenha o conhecimento da verdade, ele não tem acesso à forma ou o método pelo qual possa refutar aquilo que é errado e aderir à verdade, ou seja, tornando-a aplicável à vida. A confusão dos métodos filosóficos (que devem vislumbrar a verdade) causam confusão nas escolhas e decisões, e, consequentemente uma desordem na razão, na faculdade de inteligir. Os homens iludidos por falsos brilhos das vãs filosofias modernas e contemporâneas, carecem de meios convenientes para reconhecerem a confusão das ideias e refutar os sofismas (cf. Pascendi Dominici Gregis).

Quanto ao terceiro, a educação tem perdido sua finalidade que é a cooperação com a graça para o aperfeiçoamento da natureza cujo fim último é a salvação da alma. Ora, a graça aperfeiçoa a natureza mediante as boas disposições da mesma. O grau máximo de perfeição atingido concerne na vida eterna. Atualmente, a educação rege um conjunto de normas e fornece uma gama de informações que desviam deste fim último, instrumentalizando-o para diversos fins temporais apenas. Em muitos casos, a educação vislumbra fins efêmeros.

Quanto ao quarto, a tradição foi esquecida ou deixada de lado. Não existem mais mestres que formem discípulos para que possam transmitir a verdade. Àqueles que se alinharam às falsas filosofias e tiveram fé em seus sistemas, romperam por completo com a hierarquia (ordem) proporcionada pelos grandes mestres doutores. Estes zelaram pela verdade e edificaram o edifício filosófico (da razão) e teológico (da fé). Qualquer doutrina que se afaste disso é considerada vã.

Seguindo tais princípios elencados , precisamos dizer como Santo Tomás de Aquino:

“Três coisas são necessárias ao homem para a sua salvação.

A primeira é o conhecimento daquilo que se deve crer;
a segunda, conhecer o que se deve desejar
e a terceira, conhecer o que se deve realizar.

O homem tem o primeiro desses conhecimentos no Símbolo dos Apóstolos (credo apostólico);
a Oração Dominical o instrui sobre o que se deve desejar;
e os dois preceitos da caridade e os dez mandamentos da lei
mostram o que se deve pôr em prática.”

A educação, em sua essência , molda a alma humana, direcionando-a para a virtude. No entanto, no contexto atual, enfrentamos uma crise educacional que não apenas negligencia os valores tradicionais, mas também falha em proporcionar uma formação que ressoe com a verdadeira natureza do ser humano.

A sociedade moderna, com suas doutrinas distorcidas e repleta de confusões morais, tem desviado o homem de seu propósito divino, levando-o ao erro intelectual e confusão espiritual. É vital, portanto, que reafirmemos os princípios educacionais que buscam a verdade, a virtude e a salvação. Como mencionado por Santo Tomás de Aquino, a salvação se baseia no conhecimento correto do que crer, desejar e realizar. Assim, para que o aluno avance no único caminho , é imperativo que se volte ao brilho da luz de Cristo, aos ensinamentos tradicionais, buscando na educação o conhecimento, a verdade e a fé.

Nos dias atuais, é raro encontrar lugares que se dediquem à transmissão de conhecimento, à formação integral do ser humano e aos valores tradicionais da Igreja. O Instituto São Carlos Borromeu combina a tradição e a educação como um meio para alcançar a formação e a virtude. Cada aluno deve conhecer e amar a Deus, combater o mal e Satanás, morrer para si e viver para Deus.

1 comment

    Parabéns pelo excelente texto David. O instituto é um farol que ainda existe pra esse grande tunel escuro que vivemos nos dias atuais.

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